quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Carnival


Essa é uma história que eu fiz em 2007 e até hoje está sem revisão, rs . É basicamente uma declaração de amor ao que o carnaval representa: a beleza e a vida.



No meio da profusão de cores, formas e máscaras, fugas dos dias normais, eu senti uma presença...quase que uma aura envolvendo aquela pessoa, que no meio de tantas outras iguais chamava tamanha atençao. Pelo menos a minha.

Se existe algo que sempre me deixou eufórica essa coisa é o tão famoso Carnaval de Veneza. Todo ano logo no início de fevereiro eu deixava minha casa na Baviera, terra dos meus falecidos pais e partia para a Cidade das Águas, para passar pelo menos dois meses lá e por mais que fizesse isso há anos, continuava deslumbrada como uma criança cada vez que ia. Porém, dessa vez, alguma coisa travou meus sentidos e me fez perder a respiração por alguns segundos, quase imperceptíveis.

Minha pele começou a suar por baixo dos panos e da máscara pesada, continuei olhando para a figura de um Pierrô, o mais perfeito que já vira, todo em dourado, vinho e preto, com a lágrima escorrendo na máscara espectral, mas que estranhamente me passava uma imagem de riso, cínico e fácil por baixo dela.

Fiquei me perguntando se a figura seria feminina ou masculina, conhecida ou não, e perdida nos devaneios fui arrastada pela multidão até muito perto do fim da calçada. Me segurei na ponta de uma gôndola presa, provavelmente esperando alguma pessoa que desejasse sair do calor vertiginoso da folia. Foi então que uma mão enluvada segurou a minha e estabilizou meu corpo.
Ouvi por baixo da máscara uma voz grossa e aveludada que perguntava o que fazia uma Colombina perdida, "Talvez procurando o ousado Arlequim"? Ele disse em um tom que inspirava uma procura, mas não parecia realmente interessado em representar os famosos papéis de brigas entre o triângulo amoroso. Apenas deu uma risada sonora e fez uma reverência, o chapéu negro com penas coloridas quase tocando o chão e deixando-me ver o cabelo ondulado e castanho que caia pelos cantos da falsa pele, branca como gesso.

Ao se levantar o homem maior que eu própria pegou meu ante-braço e disse em tom divertido que me convidava a um brinde, um brinde por ter salvo minha vida. Essa foi a proposta para beber mais estranha e absurda que já ouvi, mas fui com ele, abrindo caminho no meio da multidão agitada.

Andamos por várias ruas apinhadas para chegarmos em um beco enfeitado que por dentro deixava ver apenas a rua lotada, mas tinha certeza que em um dia comum teríamos a visão perfeita das ruas inundadas. Estava totalmente dispersa quando senti a presença dele sentando-se ao meu lado com uma enorme garrafa de vinho tinto e só então pude ver seu rosto, extremamente branco, quase como sua máscara, os olhos verdes faíscantes e o nariz grande, que encaixava perfeitamente em seu rosto, um verdadeiro italiano, poderia-se dizer. Ele sorriu enviesado e me serviu uma caneca cheia.

O local tornava-se mais escuro com o passar do tempo e conforme bebia começava a não ver mais as pessoas, apenas os olhos do Pierrô que perguntou meu nome, respondi com a verdade dos que não têm mais pudor após tanta bebida: Johanna. Ele passou a mão pelo meu cabelo, tirando um pedaço de serpentina que estava preso e disse que se chamava Alessandro. Realmente um verdadeiro italiano.

Só após esse pequeno diálogo percebi que a garrafa ainda estava cheia e senti um frio na espinha...o que eram então aquelas sensações? Fui pergunta-lo se havia pedido outra garrafa e percebi que todo meu sotaque escondido após anos voltou a aparecer. Ele sorriu de novo e disse que era "Sangue, minha cara germana". A princípio achei que estava brincando, mas só quando ele encheu a boca com o líquido e chegou perto de mim, beijando minha boca e fazendo um filete da bebida escorrer pelo canto dela e cair por minha roupa branca e prateada que percebi seu tom avermelhado demais para simples vinho. Nem me importei de ter sido um homem desconhedico a me beijar com tanto fervor, mas sim pela agonia de saber que aquilo que vertia de nossas bocas era sangue e segundo ele, seu próprio.

Me puxando para mais perto e roçando o nariz pela minha face, ele sussurrou que se eu quisesse poderia correr enquanto havia tempo. Suando e com o coração aos pulos fiquei no mesmo lugar, os olhos apertados e respirando fundo. Pedi com a voz grogue, fraca pela situação que ele explicasse o que estava acontecendo. Ele mordeu a linha do meu queixo e disse que era um Ser da Noite..mas um diferente, um que podia vagar pelo dia e não estava ali pelo sangue ou nada do tipo.

No começo achei realmente que estava ficando louca ou que havia bebido todo o conteúdo da caneca, mas olhando novamente para ele percebi que era a mais pura verdade. E passando as mãos repetidamente pelo rosto pedi que me explicasse de novo e com detalhes.

Sem que eu reparasse ele me puxou pelo pulso e me levou até a porta da, então vazia, taberna. Meu chapéu estava em sua mão e com ele apontou para a rua ululante com pessoas passando e gritando, disse que era aquilo...apenas aquilo que o deixava vivo, todo o delírio e êxtase, ele simplismente não conseguia ficar longe daquele lugar. Seus olhos de esmeralda brilhavam furiosamente e então eu vi que erámos iguais. Por mais que não quisesse ou achasse loucura, erámos extremamente iguais. E ao olhar novamente para ele, senti que eu realmente queria continuar ali, para sempre.

Segurei sua nuca e falei ainda com a voz rouca em seu ouvido, disse com toda minha alma que desejava ficar ali, com ele e minha tão amada Veneza e seu Carnivale. Fui fazendo uma trilha de saliva pelo lado direito de seu rosto, até alcançar os lábios e os mordi, fazendo o sangue tão doce quanto vinho jorrar dentro de minha boca.

Após um tempo que pareceu infinito, nos afastamos e ele disse que pela primeira vez iria dividir seu amor com alguém, sua caravana de felicidade e fulgor, toda sua vivacidade. Tudo o que fiz foi sorrir e olhar para a nova perspectiva que via...a vida comum deixada para trás e à frente uma chuva de cor, eterna e misteriosa, um baile de máscaras sem fim e totalmente inebriante. Eterno. Ele pôs sua máscara e chapéu e saímos pela rua movimentada.



Imagem: http://www.dphotojournal.com/photos-from-2006-venice-carnival/

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Atoooooron

Eeeee, o blogspot comeu todos os meus parágrafos \o/!

Mechanic Sleep

Essa é uma história que fiz porque sou fascinada com a idéia de paralisia do sono.



As órbitas verdes acinzentadas de London se mexiam desesperadamente. Eram as únicas partes de seu corpo que se movimentavam. Enquanto a noite tornava-se dia, uma manhã sem sol e nublada, o antigo relógio badalava. London não sabia mais quantos sons ocos e repetitivos ouvira desde que aquele pesadelo começara.

As cortinas azuis ondulavam com o vento gélido e cortante e ele sabia que seu nariz havia perdido a sensibilidade, mesmo sem sentir o corpo normalmente. Ele nada podia fazer para se aquecer. Os papéis na escrivanhinha jaziam agora no chão junto com os rascunhos de ferrovias que havia feito na adolescência. Mecânica era sua paixão, mas naquela noite era tudo o que falhara em London. O vapor preenchia a janela acima de sua cama, como se seu corpo fosse uma chaminé quebrada nublando-a.

Nos primeiros minutos achara que era apenas um sonho ruim, que tudo passaria, mas a imobilização de seu corpo perdurava por horas. Seu peito já não arfava como antes e sua garganta não conseguia emitir nenhum som, nem um grunhido sequer. Já se resignara de que estava acordado, mas sua mente ainda queria lhe pregar peças. Foi o que achou quando ouviu a maçaneta girar, sem que ninguém entrasse.

Após algum tempo porta voltou a ranger forte e desta vez o pânico inundou sua alma. Sentiu o sangue subir rápido para a cabeça, o coração bombeando sem parar. A sensação que teve era de que desmaiaria, porém o único pensamento que atravessou sua mente foi a possibilidade de aquela ser sua passagem para a liberdade, que o choque acordaria seus sentidos.

Os olhos latejantes não podiam encarar o invasor, estava deitado de costas e já lhe doía usar a visão periférica. Tudo o que sabia era que os passos abafados pelo carpete estavam se aproximando. A ansiedade fazia seus membros e tronco suarem e pingarem, trazendo uma dor insuportável, causada pelo esforço repetitivo, fazendo sua cabeça pulsar e girar, tornando impossível ordenar seus pensamentos. Até que uma sombra cobriu a claridade do dia já nascido. London nada enxergou do rosto. Após dolorosos segundos, nos quais ele não percebeu estar tremendo levemente, a cabeça tomou formato, mas seu cérebro cansado demorou a processá-la. Reconheceu, então, os olhos apertados e o rosto oriental, que retorcia a boca num esgar mudo.
Sua empregada o sacudia, enquanto levava um celular vermelho até o ouvido, mas o único som que ouviu fora um estalo.

Seu braço mexera. E seu mundo virara trevas novamente.

Quando acordou, London estava em outro lugar. Teve medo de se movimentar e ser impedido pelas mãos invisíveis que o seguraram durante toda a madrugada.

Um médico entrou de sopetão no quarto branco e verde, junto com a moça que ainda trajava o uniforme. Ambos pareciam aliviados. London se virou e lágrimas inundaram seus olhos vermelhos e secos, no entanto, um sorriso estampava sua rosto lívido, escondido pela mão esquerda que tirintava. A mecânica não o abandonara, enfim.

Pendente

Esse é um textículo não terminado (e eu também nao faço idéia de como terminaria, rs!)

A luz do farol varria a areia prateada da praia trazendo sombras inquietantes e roubando o sono dos olhos dela.
Conforme se revirava entre os lençois sentia que essa noite o sono havia partido, sem chances de retornar. Pelo menos, não enquanto todos os sons entravam pela janela escancarada, trazendo com eles os raios amarelos da construção branca e vermelha.
Resolveu levantar e ao faze-lo tropeçou no gato malhado e peludo que dormia enroscado no tapete púrpura ao pé da cama. Xingando baixinho foi para a cozinha preparar café...seria hora de trabalhar.
Os quadros na parede e as portas fechadas corriam por sua visão periférica como borrões e ao passar pelo corredor que levava as escadas.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Rock 'n' roll, baby

Outro texto que fiz para o mesmo blog =D


O Rock 'n' Roll velho de guerra, nada melhor que ele. E nenhuma expressão é melhor que essa para elaborar uma metáfora; veja bem:
numa guerra vidas jovens são perdidas em prol de um bem maior, assim como no mundo das artes! Jovens gênios talentosos abdicam de sua vida, sanidade e alegria para nos oferecer o que há de melhor: as músicas que transformam nossa vida. Exemplos não faltam, passando desde Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain até os meus mais que queridos John Lennon e George Harrison (esse nem tão jovem, eu admito).

Não que seja uma metáfora ruim, já que foi a vida que eles quiseram, a fama e o reconhecimento foram dádivas recebidas e as coisas simplesmente acontecem...eles pelo menos foram exemplos de existências breves, mas cheias de significado e extremamente importantes para milhões de outras.

Até mesmo a tristeza gerada por suas perdas é algo digno de louvor, afinal, que soldado não gostaria de receber o maior número de homenagens no pós morte? Ainda mais vindas anos depois, de gerações futuras ao seu tempo, tendo seus feitos e palavras ouvidos e passados como lições, hinos, ou até mesmo como um ombro amigo em momentos difíceis?

Esses foram bravos e representam outros grandes nomes, infelizmente tirados cedo demais de nós. Mas quem sabe não seria por uma imagem mais forte, uma idolatria mais ferrenha? Tudo que sei é que agradeço a eles e a tantos outros, por nos dar o tão amado Rock.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Opnião

Esse é um texto que eu fiz para o blog de uma amiga, o Espetaculosas
Então ele tá velhinho e essa é a versão não revisada...aliás, a maioria dos meus textos são assim, rs.

Com o término recente das eleições, percebi mais do que nunca, como um fato pode ter tantas formas diferentes de ser encarado, passando de uma idéia brilhante até chegar ao ponto de ser massacrado como a pior invenção já sequer imaginada...sendo que no fim o tema era o mesmo.

Isso nos traz à idéias do tipo: Será que realmente tudo que vemos é real? Ou como o aplicado na vida cotidiana: Será que o que contaram aconteceu?

Creio que todos já tiveram experiências na vida em que precisaram escolher um lado, ou até mesmo um amigo, e não há nada mais difícil do que isso...principalmente quando pensamentos dessa natureza tomam sua cabeça.

Escolher a verdade suprema é impossível justamente por isso: pergunte à 1000 pessoas e cada uma vai contar o ocorrido de uma forma. Até porque emoções sempre entram pra atrapalhar o já confuso cérebro. E assumindo ou não, cada pessoa defende o seu, como uma forma de auto-preservação mesmo.

Acho que no fim o importante é pensar bem, expremer a cuca até não poder mais e tentar fazer o melhor...porque ao menos você vai poder dizer que tentou. E isso vale para todas as grandes e pequenas questões da vida.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

I heart

Essa é uma lista das coisas que eu amo, faltaram muitas, mas só de ler eu já me sinto feliz.




Eu amo

cores, músicas novas, músicas antigas, descobrir coisas boas, animais, filhotes, bebês e crianças orientais, fones de ouvido,
algodão doce, pirulito.
cabelo cheiroso, unhas coloridas, flores, anjos, fadas, tempestades, água, vento, borboletas, história, leitura, palavras, poesia.
estrelas, lua, céu, nuvens, cadernos, cadernetas, canetas, alegria.
cheiro de livro novo, lençol frio, travesseiro macio, sapatos vermelhos, nostalgia.
fotos em preto e branco, sapatilhas.
família, amigos, conversas, madrugadas, noites e dias.
internet rápida, telefone desocupado, mensagens enviadas, tv ligada.
máscaras, fantasias, assistir esportes e devanear durante o dia.
terra molhada, ruivos, épocas, caixinhas, dicionários, revistinhas.
filmes, pipoca, doces, chocolate, dança, rodopio.
felicidade alheia, sorrisos, fim de tarde, harmonia, aceitação, dar sem receber, justiça e caminhos.
corações, rabiscos, sonhos, cordões, pingentes, estandartes, naipes, paz, ganhar algo sem esperar.
abajures, sofás, almofadas, edredons, janelas, cortinas, grama, anões de jardim, raios de sol.
bóias, barcos, casas de vidro, areia entre os dedos, início do dia, roupas listradas, outono, escapar da mulditão.
lenda arturiana, alexandre o grande, folclore, infância, cheiros bons, dormir, coçar o pé, espreguiçar.
musicais, corinhos, palminhas, pandeirolas, guarda-chuvas, plumas, ursinhos de pelúcia.
médicos fictícios, caixinhas de leite, apelidos, redes, coisas que brilham, laços, ante braços.
mãos, sobrancelhas, glitter, almas gêmeas, chuva, purpurina.


Música

Uma amiga me pediu para fazer uma letra de música. Durante a madrugada saiu isso aqui, sem grandes rimas nem nada...nem ao menos a melodia ainda.


"You silver eyes in the dark,
scouting, sending shivers down my spine.
I want to tell you how the train was missed,
how I thought you wouldn't believe it.
A foreign robber with no arms
I fought to disarm, but then again, only you on my mind.
Dinner plates flying,
dying against the wall.
'I've never thought you could be so small'
Lie with me and I'll tell you how the world is crashing down,
While my stories soothes your sorrows,
'Cause life is an open road after all."


Beijos =D.

Inicialmente

Finalmente abri um blog, não sei se vou atualizar ou se vou deixar pra lá como o LiveJournal e o Twitter, mas tentarei.

Como o subtexto diz, aqui vou postar qualquer bobeira minha, mesmo que ninguém leia, ao menos elas terão um lugarzinho especial.

E pra encerrar vou só falar de onde veio a imagem, é do blog: http://theclothes.blogspot.com/


A descrição no perfil é um poema do Pablo Neruda traduzido para o inglês com o nome "Your Feet".


Beijos a todos =D .